Upcycling, mercado de resale e o boom da economia circular

Moda
Upcycling, mercado de resale e o boom da economia circular

A jovem e bela Jacinda Ardern, festejada Primeira-Ministra da Nova Zelândia, eleita a mais popular governante daquele país nos últimos cem anos pela rápida e eficaz resposta no combate à pandemia da COVID-19, chamou novamente a atenção semanas atrás nas mídias sociais e veículos de comunicação por um outro atributo: os brincos em formato de penas negras que ela elegantemente portava em um de seus pronunciamentos.

O adorno, criado e produzido por Ronja Schipper, artista gráfica alemã radicada em Auckland, proprietária do Atelier Re:Purposed, esgotou-se por seis vezes em quarenta e oito horas na plataforma de marketplace Felt, destinada a promover artistas e designers neozelandeses que produzem peças com insumos locais, e feitas à mão.

Até aí, nada demais. Afinal, mulheres em destaque e ocupando postos de comando possuem grande visibilidade, e, de consequência, poder de influência e mobilização. Em especial em períodos de crise quando governantes demonstram grande capacidade de liderança, como fez Jacinda, que já ilustrou até mesmo a capa de uma edição especial da British Vogue.

Ocorre que, o lindo acessório não era confeccionado com penas naturais, mas a partir de uma matéria-prima inusitada e improvável: pneus de bicicleta descartados.

Um autêntico exemplo de exercício da ressignificação e da circularidade, conceitos contemporâneos e imperativos para que a indústria da moda possa se adequar aos novos tempos, e às demandas de um mercado que já crescia, mesmo antes da crise sanitária.

Reaproveitamento de materiais provenientes de resíduos têxteis, criação de novas peças a partir de descartadas no pós-consumo, ressignificando-as e dando-lhes outro destino que não os aterros sanitários, onde ficam por anos, e dependendo da fibra têxtil, séculos.

Nesse cenário de crescente conscientização sobre os excessos consumistas, outra tendência importante é o fortalecimento do mercado de revenda de peças, ou roupas de segunda mão, (second hand business) Todos esses movimentos fazem parte do desenho da nova economia circular que vem ganhando tração em vários países.

No Brasil, entre 2010 e 2015, o mercado dos chamados popularmente de “brechós”, cresceu 210%(duzentos e dez por cento), sem incluir nestes percentuais o surgimento de várias plataformas digitais de revenda de roupas, calçados e acessórios.

Tendência mundial detectada em relatórios elaborados por agências especializadas, o resale Market, como vem sendo chamado, é impulsionado não só, mas, em grande parte, pela preocupação cada vez maior do consumidor com a sustentabilidade e consumo consciente, o chamado lowsumerism, demonstrando importantes mudanças no comportamento de compra, em especial entre o público mais jovem das gerações Y e Z.

Com a expansão do mercado, surgem as grandes oportunidades de negócios.

Objetivando entrar com força no mercado de roupas de segunda mão, oferecer mais opções  aos clientes de suas lojas, e também embarcar na tendência da sustentabilidade, a gigante do varejo, Walmart fechou acordo cujos termos não revela, com o site de resale ThredUp, ampliando as opções de produtos da rede, o que reforça a importância que o segmento vem  rapidamente ganhando.

Em Curitiba, a startup Voit (www.voit.co) nascida do dinamismo dos jovens sócios Gustavo Bakai, Marco Cazarim e Thiago Paz, se tornou a primeira plataforma digital de marketplace no Brasil inteiramente focada no mercado second hand para artigos de esporte.

Comprometida com adoção dos princípios da economia circular voltados à moda, e alinhada com o ODS 12 da ONU, que trata de produção e consumo responsável, a empresa vem demonstrando que é possível empreender com propósito e criar impacto social e ambiental positivos.

 Ana Fábia R. de O. F. Martins – Advogada, Especialista em Direito, Negócios Internacionais e Moda
https://www.diarioinduscom.com.br/upcycling-mercado-de-resale-e-o-boom-da-economia-circular/

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