Madeleine Vionnet – A visionária, revolucionária e perfeccionista das formas

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Madeleine Vionnet – A visionária, revolucionária e perfeccionista das formas

Na semana da celebração da revolução francesa e dos pilares de liberdade sobre os quais se assentou um dos movimentos sociais mais importantes da história, faz sentido lembrar a figura e a biografia singular de Madame Madeleine Vionnet, a “arquiteta entre as costureiras”, a mãe do corte em viés e do drapeado.

Madeleine Vionnet foi integrante de um seleto grupo de estilistas em sua maioria franceses, que protagonizaram uma verdadeira reinvenção da maneira como as mulheres se vestiam no início do século vinte.

Muito embora Gabrielle Chanel reivindique a iniciativa de haver libertado as mulheres dos corsets e tenha sido celebrizada por essa conquista, registros históricos dão conta que existem outras (os) que disputam essa autoria: Paul Poiret, o espanhol Mariano Fortuny e a própria Madame Vionnet para quem os princípios de movimento, liberdade, proporção, e verdade eram fundamentos incontornáveis na busca de uma nova feminilidade baseada na experimentação e independência.

O domínio do corte diagonal, aparentemente simples, mas que ocultava uma alta complexidade estrutural, e o desenvolvimento das peças em um pequeno manequim de madeira em meia escala, permitiam a construção de vestidos com caimento perfeito fazendo com que, finalmente, as mulheres pudessem dispensar os desconfortáveis espartilhos e corsets.

Uma mulher de negócios que, já em 1919 sabia a importância da proteção intelectual de suas obras, e passou a fotografá-las em vários ângulos, reunindo um acervo das fotos, nomeando, assinando, numerando e marcando suas peças com suas digitais para evitar as indesejáveis cópias. Seu apoio foi fundamental para a criação da Associação para a Defesa das Artes Plásticas e Aplicadas, cujo objetivo principal era o de proteger os interesses da Alta Costura e combater a contrafação.

Dotada de grande senso de justiça social e preocupada com o bem-estar de seus contratados, pois em 1923 possuía mais de mil empregados, Mme. Vionnet já lhes oferecia remuneração em patamares superiores ao mercado, assistência médica, dentária, refeitório e até mesmo uma creche.

Desde 2012 a Vionnet é comandada pela empresária e designer cazaquistanesa Goga Ashkenazi, que, em outubro de 2018 tomou a iniciativa de encerrar suas operações para passar por uma completa reestruturação necessária, segundo ela, para que a marca pudesse se comprometer inteiramente com os princípios da sustentabilidade, e só então ser reapresentada ao público.

Em um comunicado à imprensa em outubro de 2018, Ashkenazi justificou a decisão: “A Vionnet decidiu redefinir suas atividades à luz da herança atemporal de Madeleine Vionnet, visão e coragem empreendedora, e se engajar de maneiras inovadoras de acordo com estratégias de desenvolvimento sustentável. Nós vemos isso como o único caminho a seguir para nós e para a humanidade como um todo”.

Uma das decisões da Maison foi a de não seguir o calendário alucinante de desfiles das mais importantes semanas de moda, antes mesmo da pandemia da COVID-19 forçar as grandes marcas a repensar necessidade de tantos fashion shows anuais.

O objetivo da executiva é transformar a Vionnet em uma marca inteiramente sustentável no aspecto ambiental e social, proteger o meio ambiente, cuidar das pessoas e criar coleções mais conceituais, que transcendem as meras tendências episódicas e subsistem para além das fashion weeks.

Ao que tudo indica, o visionarismo ainda faz parte do DNA da marca.

Vive la mode, vive la révolution!

Ana Fábia R. de O. F. Martins, Advogada, Especialista em Direito e Negócios Internacionais e Moda
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